Entre os dez principais municípios produtores de ouro no país, três estão na Amazônia Legal
Fonte Valor Econômico
Por Rafael Rosas — Do Rio 21/05/2020 (leia na íntegra)
A expressiva alta dos preços do ouro no mercado internacional aumentou a demanda pela produção do mineral e causou, no Brasil, um avanço no volume extraído e na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) a partir da lavra do metal. Mas o outro lado da moeda foi o avanço de minas em regiões de florestas e parques nacionais na região amazônica. A afirmação consta do estudo “A nova corrida do ouro na Amazônia”, que será divulgado hoje pelo Instituto Escolhas.
Em cinco anos, a cotação da onça-troy de ouro subiu mais de 40%. Em 19 de maio de 2015, o preço da onça para entrega em junho fechou a US$ 1.206,70, valor que saltou para US$ 1.745,60 na terça-feira, exatos cinco anos depois, num aumento de 44,6%.
O estudo mostra que, com essa alta dos preços, houve um salto na arrecadação da CFEM sobre o ouro. Em 2010 foram pouco mais de R$ 32 milhões pagos em CFEM pelos produtores de ouro, valor que passou para R$ 81,7 milhões em 2016 e atingiu o recorde de R$ 201,2 milhões em 2019. Neste ano, até 5 de maio, a arrecadação da contribuição sobre a exploração de ouro soma R$ 86,1 milhões.
Entre os principais municípios produtores de ouro no país, a maior arrecadação de CFEM sobre o minério neste ano, até 5 de maio, é a de Paracatu (MG), com R$ 17,6 milhões, para um valor total de produção de ouro de R$ 1,173 bilhão. A segundo no ranking é Itaituba (PA), com R$ 12,8 milhões e produção de R$ 826 milhões.
Além de Itaituba, há pelo menos dois municípios da Amazônia Legal entre as dez maiores arrecadações de CFEM este ano: Godofredo Viana (MA), sexto da lista com R$ 4,5 milhões arrecadados e produção de R$ 305,5 milhões; e Pedra Branca do Amapari (AP), com R$ 3,8 milhões arrecadados de CFEM sobre o ouro e uma produção de R$ 257,3 milhões.
Um dos pontos levantados pelo documento, produzido em parceria com a Agência Rubrica, aponta para a legalização de ouro extraído ilegalmente no país. A produção de áreas não registradas estaria migrando para minas legalizadas, permitindo que o minério saia dessa segunda região devidamente documentado e legalizado.
O material produzido pelo instituto destaca ainda que, nos dois últimos anos, o Brasil produziu 85 toneladas de ouro. Nos quatro primeiros meses de 2020, o valor das exportações do produto cresceu 14,9% em relação a igual período do ano passado, aumento que, segundo o estudo, foi puxado pela alta dos preços no mercado internacional. Segundo os dados de comércio exterior fechados em maio, neste ano foram exportadas 28,95 toneladas de ouro.