Entre janeiro e abril, o valor pago pelo setor foi de R$ 1,37 bilhão, ante R$ 1,1 bilhão no mesmo período do ano passado
Fonte Valor Econômico | Portal da Mineração – 08/05/2020 (leia na íntegra)
Por Marcos de Moura e Souza (Belo Horizonte)
Brumer, do IBRAM: mineradoras no Brasil conseguiram, até agora, evitar demissões e mantêm seus planos de investimento — Foto: Silvia Costanti/Valor
Mesmo com a paralisia da economia, em decorrência da pandemia da covid-19, o Brasil viu aumentar a arrecadação de royalties de mineração entre janeiro e abril. Foram arrecadados R$ 1,376 bilhão ante R$ 1,109 bilhão no mesmo período do ano passado, segundo números reunidos a pedido do Valor pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), entidade que representa as principais empresas de mineração do país.
A arrecadação vem quase toda dos estados do Pará e de Minas Gerais, onde há uma grande extração e minério de ferro e outros minerais representativos no setor. No acumulado dos quatro primeiros meses, os empreendimentos no Pará, que abriga a jazida de ferro e cobre de Carajás recolheram R$ 691 milhões. Em Minas Gerais foram R$ 530 milhões.
O aumento não traduz necessariamente alta da produção das minas e pode ter sido influenciado, em parte, por eventuais incrementos dos preços. Há que se considerar também que no primeiro semestre de 2019 houve a tragédia de Brumadinho, que afetou a mineração de ferro da Vale e outras empresas em Minas Gerais.
Além disso, o recolhimento da contribuição federal sobre o setor mineral (CFEM) – ou royalties – é feito com um mês de defasagem: ou seja, os valores arrecadados em abril, por exemplo, se referem à produção de março.
Ainda assim, o presidente do conselho administrativo do IBRAM, Wilson Brumer afirma que os números dos royalties mostram que mesmo durante a pandemia as empresas que operam no Brasil têm registrado aumento em seu faturamento. A CFEM é calculada com base no faturamento bruto das empresas.
Maior destino das principais commodities metálicas brasileiras, a China passou por um período de redução de demanda quando começou a ser afetada pelos primeiros casos de contaminação e mortes por coronavírus. Foi fortemente afetada nos meses de fevereiro e março. “A China teve um problema no início de janeiro, mas já vem se recuperando e crescendo em termos de mercado novamente”, destacou Brumer.
Segundo o executivo, no cargo desde meados do primeiro semestre de 2019, apesar do baque quase generalizado em quase todos os setores da economia, as mineradoras no Brasil conseguiram até agora evitar demissões e mantêm seus planos de investimento.
“O setor já tinha previsto um investimento entre 2020 e 2024 de US$ 32,5 bilhões. No período anterior, entre 2019 e 2023, a previsão era de US$ 27,5 bilhões”, disse o executivo.
Diante das demandas da pandemia, as principais empresas do setor mineral se mobilizaram e já doaram R$ 700 milhões, atrás apenas das doações feitas pelos bancos e outras empresas do setor financeiro, que já informaram R$ 1,6 bilhão.
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